domingo, 22 de novembro de 2009

Mediocridade


Coisa mais triste é a mediocridade. Não falo daquela existência mediana que todos nós temos, uma vez que é natural que poucos se destaquem nesse mundo imenso, mas sim daquela mediocridade que se ocupa unicamente da vida alheia. Esse tipo de pessoa torna a sua própria existência em algo tão pobre, tão pobre, que repele quem a rodeia, pois ninguém suporta quem se alimenta exclusivamente de outrem.
Imagine só como deve ser insignificante o dia-a-dia de alguém que se atém aos acontecimentos da vida de outra pessoa! O cotidiano deve ser muito limitado para que este indivíduo só fale, só cite um fato ocorrido externamente. Será que em sua vida não há nada de bom para ser comentado? Será que sua vida é tão enfadonha assim? Será que esta pessoa é incapaz de suscitar emoções ou produzir acontecimentos empolgantes? Ou será que corre aí um fio de inveja, de veneno?
Muitas pessoas reclamam que sempre estão sozinhas, que não conseguem um companheiro, que não têm amigos, que não têm em quem confiar e não é para menos! Você leitor (a) confiaria em alguém que fica explanando a vida dos outros aos quatro ventos sem nenhum propósito que não o de se exibir (nesse caso, negativamente)? E namoraria um espécime desse tipo? Posso apostar minha capacidade de escrever como a resposta – pelo menos das pessoas sãs – é: NÃO!
Sabe, essas pessoas que têm a língua maior que a boca, e que nós conhecemos como fofoqueiras, possuem um energia que parece mais um jato de Baygon: são altamente repelentes. Ademais, muitas vezes, acabam provando do próprio remédio e se dão muito mal. Conversando sobre esse assunto, entre um chopp e outro, com um amigo, este me contou um caso verídico que ocorreu na faculdade onde ele estudava, no seu 6º período do curso de Direito. Vou relatar o episódio utilizando nomes fictícios para facilitar a compreensão do leitor. A turma desse meu amigo era muito unida, pois já conviviam desde o primeiro período, apesar de alguns atritos normais a um contato diário, todos se respeitavam e se ajudavam; quando surgia algum problema, todos se mobilizavam para solucioná-lo e se este era de foro íntimo, não transpirava para o resto da instituição. Segundo esse meu amigo, sua turma sempre foi cordial com os “intrusos”, mas não lhes permitia fazer parte da intimidade construída. Um belo dia, um casal de alunos mais antigos, Marta e Fábio, foi visto por um desses intrusos, Pedro, nas escadas da faculdade e de acordo com a dupla, seguindo em direções opostas. Isso foi o bastante para Pedro tirar suas próprias conclusões e durante as aulas passar a fazer insinuações maldosas que denegriam a reputação de Marta, causando um constrangimento geral. Ela era muito querida e respeitada por todos: alunos, professores e funcionários; era generosa e camarada, sempre pronta a ajudar quem quer que fosse; estava sempre de bom humor e seu comportamento era irrepreensível; além de ser uma das melhores notas da faculdade! Pois bem, Pedro continuou com as brincadeiras sem-graça e não satisfeito em fazê-las dentro da turma, resolveu divulgar o caso para o resto da instituição; o curioso é que as indiretas eram sempre lançadas à Marta e nunca ao Fábio. Pedro começou a baixar o nível dos comentários, insinuando que teria visto a dupla em atitude libidinosa. Foi a gota d'água. Marta, humilhada, procurou a Justiça e entrou com um processo por calúnia e difamação contra o Pedro e ganhou a causa, obrigando-o a pagar uma indenização por danos morais e as custas do processo. Mais tarde, ficou-se sabendo que o motivo que levou o infeliz a fazer tais afirmações foi o despeito, pois ele estava interessado em Fábio e havia sido solenemente rechaçado; então, por frustração e vingança, resolveu atingir Marta, que estava na escada desabafando um problema familiar com Fábio e não queria que ninguém os ouvisse. O fato é que depois de tudo isso, Pedro passou a ser considerado como persona non grata; quando se aproximava de um grupo que estava conversando animadamente, este se desfazia para não ter que incluí-lo no bate-papo; passou a fazer os trabalhos sozinho, pois ninguém o queria nos grupos, etc.
Este episódio me deixou estarrecida e revoltada! Esse Pedro (e gente como ele) é um ser desprezível e asqueroso, com uma vida absolutamente medíocre. Que culpa as pessoas têm se ele levou um passa fora? E se ele é vulgar? Quem vai se interessar por uma pessoa cuja vida é tão oca que a única coisa interessante que tem para falar são os acontecimentos dos outros e dos quais ele sequer faz parte??? O meu consolo é que a vida se encarrega desse tipo de gente, dando-lhes o castigo que merecem: desprezo e solidão.
Não estou dizendo que não se pode comentar sobre o vestido da fulana na festa, ou o fora que beltrano levou, ou mancada que sicrano deu – pois ninguém está fazendo concurso para santo e nem vestibular para freira ou monge –, desde que não ultrapasse os limites, não magoe e nem prejudique ninguém e não seja o único tema da sua pauta, porque aí ninguém aguenta! Abaixo a MEDIOCRIDADE, já!
PRA BOM ENTENDEDOR MEIA PALAVRA BASTA...

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