domingo, 18 de outubro de 2009

Viva! Viva! Viva a amizade colorida!

Tudo bem, "vá lá", um relacionamento estável é ótimo! Dá segurança, paz de espírito e TÉDIO!
Adoro homem apaixonado que traz flores, leva para jantar, abre a porta do carro, puxa a cadeira (para que eu me sente e não ele) e todas essas gentilezas que o adestramento (ops! Desculpe, relacionamento) trazem, mas o problema é que na esteira vem junto o sentimento de posse, o ciúme e o controle. Começam aquelas malditas perguntas e cobranças: "Aonde você foi ontem à noite?", "Vai sair com as suas amigas? Que horas você vai voltar?", "Ai, você não tem tempo pra mim!", "Foi bom pra você? Te senti meio distante hoje...". Argh, mil vezes argh! Dá vontade de responder que eu estava por aí, que vou sair com quem eu quiser (e pode ser do sexo oposto), que o dia tem só 24 horas e os afazeres não respeitam o relógio e que não foi bom porque eu estava pensando nas contas que vencem amanhã e vou ficar no vermelho.
Que atire a primeira palavra aquele que nunca passou por isso com seu namorado (a)! Se você também nunca teve vontade de dar uma resposta "atravessada" àquelas perguntas do tipo inquérito policial, meu amigo, você é um santo ou santa e merece uma estátua em praça publica!
E confesse que não existe nada melhor para exterminar uma relação do que esse tipo de comportamento inseguro, rotineiro, "grudento"; isso acaba até com o tesão. Tenha dó!
Não sou contra o namoro sério, muito pelo contrário, até almejo um, contanto que as partes acordem que ao primeiro sinal de grudice aguda ou possessividade psicótica deve-se recorrer imediatamente à D. R. I. (Discussão de Relação Intensiva). Ambos devem estar cientes de que um relacionamento precisa respirar, precisa de renovação, precisa de novos estímulos que serão escolhidos pelo casal. O que vai ser é problema de cada um...
Depois de passar por este tipo de experiência, na qual eu parecia um pássaro engaiolado, conheci um homem que se tornou um grande amigo. Esta amizade foi gerando uma intimidade que foi se fortalecendo, se transformando em algo muito bom, gostoso, relaxante e divertido. Só que aí apareceu o que, na época, me parecia um problemão: ele não queria compromisso. Verdade que éramos felizes, mas como na minha cabeça felicidade de verdade estava associada ao namoro, comecei a sofrer terrivelmente. Chorava noites e noites achando que estava sendo usada, que ele não me amava, etc, etc. Tentava desesperadamente modificar o status da relação, mas ele, talvez mais experiente do que eu, resistia impiedosamente e dizia que isso seria o melhor para a nossa amizade.
Na verdade, eu estava sendo "doutrinada", minha mente estava sendo preparada para um outro estágio de relacionamentos; minha percepção estava sendo ampliada e eu estava me libertando da formatação convencional. Ele foi me mostrando que o amor não é uma coleira onde a gente põe o outro e fica passeando por aí, se exibindo pra todo mundo ver como se é competente e não se está ficando "pra titia" (o que de pior poderia suceder a uma mulher no tempo de nossas avós!); foi me fazendo ver que a infidelidade não se dá quando você demonstra seu interesse por outras pessoas e sim quando você faz o outro acreditar que é eternamente único; me fez descobrir que a sinceridade e a franqueza evitam muita dor no futuro e que isto é respeito pelo outro: não enganá-lo nunca.
Foi um aprendizado penoso e ainda o é. No entanto, hoje sou capaz de perceber que o amor possui múltiplas formas e manifestações e cada vez que eu reencontro esse amigo, nosso sentimento reacende como no início, nos compreendemos maravilhosamente, rimos juntos, não fazemos cobranças porque sabemos que não pertencemos um ao outro, não pertencemos a ninguém, só a nós mesmos. Não medimos nosso amor e temos consciência dele; sei que ele me ama da maneira dele, bem como eu o amo do meu jeito. E devemos ser especiais um para o outro, pois, apesar de outras experiências, sempre nos procuramos.
É uma amizade cheia de alegria (com alguns desentendimentos porque somos humanos), cheia de desejo e ternura. Ainda somos incompreendidos, muitos acham que somos promíscuos porque "ficamos", acham que somos egoístas porque não pensamos nos sentimentos do outro, mas a verdade é que somos generosos, pois estamos valorizando a liberdade de cada um, o direito de vivenciar seus sentimentos sem culpa. Acima de tudo nos respeitamos, porque sempre pusemos as cartas sobre a mesa.
À você, meu querido Luiz, meus sinceros agradecimentos.

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