domingo, 22 de julho de 2012
Se arrependimento matasse...
domingo, 6 de março de 2011
A Inveja é uma merda!
Esta semana estava eu ouvindo a rádio – pois rádio é cultura e informação e nem só de i-pod viverá o homem! –, quando me deparei com um debate interessantíssimo sobre a inveja e um dos debatedores disse que todo ser humano sente inveja, seja do que for. Isso me fez lembrar o que disse uma maravilhosa professora de Psicologia que eu tive na faculdade, Regina Carrancho, que também fez a mesma afirmação; na época eu fiquei chocada, pois me acreditava acima desse sentimento mesquinho, mas qual não foi a minha surpresa ao verificar que eu realmente sentia inveja! E foi no meio desse pensamento que a diarista aqui de casa saiu com a seguinte tirada: “É, Dona Alexandra, inveja todo mundo tem, mas até pra ser invejoso é preciso ser inteligente, né?”. A mulher parecia até telepata! Perguntei: “Como assim, Fabiana?” e ela muito à vontade respondeu: “Ué, a gente vai invejar quem tem mais que a gente! Invejar quem tem menos é burrice!”. Touché.
Ok. Sinto inveja, mas será que das coisas e das pessoas certas? Fui dar tratos à bola e tentei analisar o que me causa inveja. Chequei ponto por ponto e vi que invejar quem tem ou sabe menos é perda de tempo, além de rematada burrice mesmo. Vamos desfiar o rosário.
Sempre invejei aquelas mulheres que atraem os homens como mosca no mel, mas percebi que elas atraem realmente qualquer tipo de homem, o que não que dizer que estes valham à pena. Então para quê invejá-las? Vou invejar as bem casadas, com companheiros incríveis que as tratam como rainhas, que recebem flores todos os dias, e têm seu amor conquistado todos os dias. Invejar aquelas modelos lindas dos comerciais de shampoo com cabelos que parecem um manto? Não! Vou invejar as mulheres que tem a coragem de desapegar das suas madeixas e mostram que têm atitude como a Mayana Moura, a Sandra Annerberg, a Maria Paula. E, se é para invejar em grande estilo, não vou invejar os desleixados e desprovidos de conhecimento fashion, vou invejar mesmo é a Ana Hickmann, a Glória Khalil, a Isabela Fiorentino, a Constanza Pascollato, a Giane Albertoni. Até poderia invejar a juventude, mas acho que prefiro mesmo a experiência, a elegância e o senso de humor da maturidade de Marília Gabriela, Luíza Brunet, Christiane Torloni, Fernanda Young e Fernanda Torres.
Vou invejar quem não tem espírito solidário? Deus me livre! Quero invejar gente como Madre Teresa, Zilda Arns e Irmã Zoé, que se preocuparam com o bem-estar alheio e se compadeceram com o sofrimento do próximo, ainda que não fossem seus parentes. Invejar quem não sabe perdoar? Invejo, sim, Mahatma Gandhi e Chico Xavier.
Devo invejar os workaholics, os ambiciosos, os sedentos de independência financeira a qualquer custo? Mil vezes não! Quero invejar os que trabalham por prazer, com aquilo que gostam, pois esses têm mais harmonia na vida e menos doenças do corpo e da alma. Invejar aqueles cujos conhecimentos de informática não vão além do Facebook? Nada hi-tech, hein? Decidi invejar o Bill Gates, o Larry Page e o Sergey Brin e todos os feras em Photoshop, Corel, Autocad e Pro Tools M Powered 7.
E nem pensar em invejar os sucintos, tímidos da pena! Invejarei os grandes escritores, os que têm o dom da palavra, invejarei Cervantes, Camões, Montalbán, Shakespeare, Pessoa, Paulo Coelho e Agatha Christie, Ken Follet e J. K. Rowling. E o que dizer dessa geração que prefere Lady Gaga à Maria Bethânia?! Não dá pra invejar quem não conhece Noel Rosa, Cartola, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth; quem não canta um verso de Caetano, Tom Jobim e Zizi Possi! Como sentir inveja dos mortais que não suportam cinco minutos de Mozart, Schubert, Beethoven ou Pavarotti? E já que enveredei pelas artes, invejar quem não dança é o ó! A meta é Ana Botafogo, Débora Colker, Beyoncé, Shakira, mas (os puristas que me desculpem) numa pista de dança até Mulher Melancia tem seu valor!!! Culinária também é uma forma de expressão, então invejar quem mal sabe fritar um bife é pedir para morrer de fome física e cultural. Vou temperar minha inveja com Ana Maria Braga, Roberta Sudbrack, Emmanuel Bassoleil e Claude Troisgros.
E por último, porém não menos importante, não invejarei os que pouco conhecem do território brasileiro e de suas belezas. Por viajar desde os sete anos de idade conheço metade desse país, parques temáticos, museus em várias cidades brasileiras, hotéis incríveis. Ah, francamente, melhor invejar o Amir Klink e o Zeca Camargo!
Sei que estou há léguas de algumas das personalidades que citei, pois estas estão num patamar muito elevado, moral e espiritualmente falando, mas para crescer a gente deve olhar para cima e não para baixo. Já dizia meu amado Noel: “Quem é você que não sabe o que diz/ Meu Deus do céu que palpite infeliz...”
domingo, 5 de setembro de 2010
A Libertina (continuação)
— Oi, gente! Se vocês tivessem combinado, não teriam sido mais pontuais, hein?
— Pois é – respondeu Duda –, aconteceu a mesma coisa com a gente, não foi?
— Verdade... mas vocês já se conheceram? – perguntou Paola.
— Ainda não. Viemos em elevadores diferentes. – respondeu Caio.
— Então, entrem que eu vou fazer as devidas apresentações!
Paola os apresentou e acomodaram-se na sala que ela havia preparado para a ocasião. Os livros de arte e fotografia da mesa central deram lugar a várias tábuas de queijos, frutas, torradinhas com pastas e alguns potinhos de molho e balde com gelo e vinho com suas taças. No chão, ao redor da mesa, sobre o tapete felpudo e macio, estavam dispostos vários almofadões que davam a impressão de um jantar oriental. Paola orgulhou-se da decoração simples e aconchegante que iria proporcionar um confortável cenário para apreciação das fotos na sua parafernália high tech. Queria que seus convidados se sentissem totalmente à vontade.
— Amor, abre o vinho pra gente enquanto eu coloco uma música?
— Ok. Qual eu abro primeiro: o branco ou o tinto?
— Peraí. Duda prefere abrir os trabalhos com tinto ou branco?
— Ai, gente, sei lá! Você tá oferecendo uma variedade tão grande de queijos, que o que a gente abrir primeiro vai dar certo. – respondeu Eduarda.
— Ah, vocês mulheres são muito indecisas, hein? Vou abrir os dois!
E assim a noite foi transcorrendo agradavelmente, com um bom papo, regado a vinho e música para descontrair. O álcool aos poucos fazendo seu trabalho, correndo nas veias e aquecendo os corpos.
— Paola, sei que isso é uma tremenda falta de educação, nós nos conhecemos noutro dia, mas você se incomoda se eu tirar o sapato? Meus pés estão me matando... – perguntou Duda, constrangida.
— Pelo amor de Deus, Duda, ninguém aqui vai querer que você tenha uma gangrena! Tira logo essa sandália! Pode colocar os pés no sofá, deitar no chão... Fique à vontade. – respondeu a anfitriã. – Olha só o Caio, já tirou sapato, blazer...
— Ah, mas vocês se conhecem há mais tempo.
— Ih, relaxa Duda! Até eu vou trocar de roupa porque esse pulôver e o vinho estão me dando o maior calor.
— Por falar em conhecimentos, me diga como você e a Paola se conheceram? – indagou Caio enquanto Paola foi se trocar.
Duda explicou como foi o seu encontro e em alguns minutos ambos já estavam mais confortáveis na presença um do outro. Paola voltou vestindo um chemise branco, de algodão, na altura dos joelhos. Sentou-se numa poltrona giratória, para entrar na conversa e se serviu de outra taça de vinho tinto.
— Acho que já podemos começar a nossa exibição de gala. – comentou Paola. — Senão daqui a pouco estaremos bêbados.
— Concordo, eu já estou meio zonza, meio alegrinha... – respondeu Duda, entre risos.
— Também estou de acordo. – aderiu Caio.
— Concorda?! Com o quê? Eu não estou de porre, ainda... Quer ver? Vou fazer o quatro!
Duda levantou-se e tentou a famosa posição, mas se desequilibrou e caiu no colo de Caio. Todos caíram na risada. Paola se levantou e foi ligar o data show e o telão, sem se incomodar com o fato de que Duda e Caio ainda estavam embolados no sofá, rindo.
— Posso começar?
— Claro, deixa só eu me levantar daqui. – disse Duda.
— Vem, segura a minha mão que eu te ajudo. – ofereceu Paola que estava em pé, de frente para eles.
Paola segurou a mão de Duda com a mão esquerda, enquanto segurava a taça de vinho com a direita, mas tropeçou no pé de Caio e, ao perder também o equilíbrio, derramou a bebida sobre a roupa.
— Cacete! Acabei de trocar de roupa! Não vou mudar de novo.
— Passa essa pedra de gelo pra não ficar com mancha. – aconselhou Caio.
Aceitou a dica e apertou o play do controle remoto. A apresentação das fotos surgiu na tela branca, em uma lenta transição de slides, que proporcionava uma boa observação dos detalhes... Tudo transcorria como o previsto, com todos fazendo suas observações, acanhadas a priori. Paola se divertia com a vergonha de Caio e se deliciava com a desinibição crescente de Duda, que a essa altura já estava deitada sobre os almofadões, meio descomposta.
— Nossa!!!! Quem é esse modelo bem-dotado??? – perguntou Duda.
— Não sei, deixa eu ver o próximo slide – fingiu Paola – Quem sabe eu consigo identificar.
— Ih, Caio, eu acho que é você! – disse Paola maliciosamente.
— Uau, hein? Olhando assim... – respondeu Duda olhando-o descaradamente – eu nem imaginaria.
— Olha só, Paola, que sacanagem é essa?? Você não me disse que eu estaria nessa mostra!! Você não tem esse direito, me expôr assim, na frente de uma pessoa estranha! Eu fiz essas fotos pra você porque eu te amo, porra!
— Calma, Caio! Pra quê esse discurso todo? Você não precisa ficar constrangido, tá lindo, gostoso. E se você quer saber, eu também estou aí, nua em pelo e sem a menor vergonha, tá? Estamos todos!
— Gostoso ele está mesmo, Paola, mas essa conversa de 'estamos todos' não é verdade! Eu não estou e ainda não vi suas fotos, tá? – protestou Duda.
— Quer posar?
— O que que é isso??? Você vai fotografar a Duda sem roupa aqui na sala? Agora???
— Ué, e por que não? Você topa? – dirigiu-se à Duda.
— Só depois de ver as suas fotos.
— Ah, não! Eu não vou ficar aqui para assistir essa baixaria. – disse Caio já se levantando para ir embora.
— Você pode até ir, se quiser, mas lembre-se do que conversamos. Você disse que queria mudar e pediu a minha ajuda. Eu não vou te dar outra chance.
— Pelo amor de Deus! Eu nem a conheço direito e ela vai se despir na minha frente.
domingo, 28 de março de 2010
Que TV é essa?
Ai, quem aguenta a hipocrisia da TV brasileira? A coisa está chegando a níveis inacreditáveis. A última da telinha foi a censura à propaganda da cerveja Devassa. Ok, pode ser uma jogada de marketing – quem vai saber? – , mas o fato é que, depois de tanto suspense, o shape da Paris Hilton ficou restrito aos megabytes dos computadores. Não que o comercial seja excelente, mas eu acho que o direito de escolha é meu. Ou será que estou enganada?
Gostaria que alguém me dissesse o que tinha de tão imoral ali? A Paris desfilando prá lá e prá cá, mostrando pernocas finas em um microvestido preto, enquanto rolava uma música de fundo bem legal. Santo Deus, isso é ilegal, imoral ou engorda? Tudo bem que cerveja dá barriga, mas isso não dá processo!
Vejamos, tem umas cinquenta propagandas de cerveja que mostram mulheres em trajes bem menores que o da socialite americana e nenhuma delas saiu do ar. É bunda para qualquer canto da tela que se olhe e até hoje não me explicaram a relação nádegas/álcool!
Há pouco tempo atrás houve um caso parecido. Lembram do comercial das Havaianas com o Cauã Reymond? Tinha uma vovó super fofa que dizia à neta que ela não precisava casar como “gato” em questão, só fazer sexo mesmo. E aí a casa caiu! Escutar uma sexagenária fazendo apologia a um comportamento normal para os adolescentes do século XXI, deixou nossa sociedade de cabelo em pé. Foi banida.
Gente, isso é RI-DÍ-CU-LO! São dois pesos e duas medidas. Por que eu tenho que “engolir” a Globeleza esfregando sua nudez na minha cara e não posso assistir a Paris Hilton que está muito mais vestida? Quem me conhece sabe que estou longe de ser puritana, mas também sabe que eu luto com unhas e dentes contra a vulgaridade feminina, contra essa desvalorização que a mulher insiste em levar adiante. Uma parcela das mulheres brasileiras – e falo das brasileiras porque são as que eu conheço – acredita que a superexposição na mídia fará com que sejam reconhecidas e valorizadas e eu até poderia concordar com a teoria, se não fosse o que elas escolheram mostrar: a sensualidade barata.
Para não sair do tema inicial, que é a televisão brasileira, vou exemplificar o que estou falando. Pode haver algo pior na TV do que o Big Brother, vulgo BBB? Este é o ícone da alienação, da vulgaridade, da mediocridade, da falta de cultura. As mulheres só faltam arrancar a roupa frente às câmeras e desfilarem nuas diante dos homens da casa como vacas numa feira agropecuária! E elas ainda disputam para ver quem leva o troféu de “A mais piranha” do programa. Juro que sinto uma tristeza profunda cada vez que vejo flashes de pessoas na rua fazendo comentários sobre esse programa! Eu me recuso até a ouvir, troco de canal, deixo mudo, qualquer coisa, menos ouvir tanta asneira. Como alguém pode perder tempo assistindo uma coisa que não ensina NADA, não contribui para melhorar a sua vida ou a sociedade brasileira??? Minutos desperdiçados na frente da tela olhando um grupo de pessoas imbecis que não fazem nada de útil e passam o dia inteiro se esfregando, intrigando, comendo, dormindo e fazendo qualquer coisa para aparecer mais do que os outros. Sexo é muito bom, mas melhor deixar o filme para os profissionais da cama e não para um bando de ignorantes que por dinheiro são capazes de vender a mãe na feira!
E para não dizer que não falei das flores, aí vão algumas sugestões de bons programas, em várias categorias:
Todas as notas (música clássica): TV Bandeirantes RJ, canal 7, domingo às 09:30h.
Sem Censura (entrevistas): TV Brasil RJ, canal 2, segunda à sexta às 16:00h.
Tal como Somos (painel cultural latino-americano ): TV Brasil, canal 2, domingo às 18:30h.
Conexão Roberto D'Ávila (entrevistas): TV Brasil, canal 2, domingo às 20:00h.
CQC (jornalismo humorístico): TV Bandeirantes RJ, canal 7, segunda-feira às 22:30h.
Boa Tarde (debates): TV Bandeirantes RJ, canal 7, segunda à sexta às 15:00h.
Longe de mim ser a dona da verdade, essa é uma seleção pessoal, mas assistam e depois me digam se não valem a pena.
domingo, 28 de fevereiro de 2010
Oração das mulheres resolvidas
Que os nossos homens nunca morram viúvos, e que nosso filhos tenham pais ricos e mães gostosas! Que Deus abençoe os homens bonitos, e os feios se tiver tempo...
Deus... Eu vos peço sabedoria para entender um homem, amor para perdoá-lo e paciência pelos seus atos, porque Deus, se eu pedir força, eu bato nele até matá-lo.
Um brinde... Aos que temos, aos que tivemos e aos que teremos. Um brinde também aos namorados que nos conquistaram, aos trouxas que nos perderam e aos sortudos que ainda vão nos conhecer! Que sempre sobre, que nunca nos falte, e que a gente dê conta de todos! Amém.
P.S.: Homens são como um bom vinho. Todos começam como uvas, e é dever da mulher pisoteá-los e mantê-los no escuro até que amadureçam e se tornem uma boa companhia para o jantar.
Post publicado no blog: http://batidadebanana.blogspot.com/?expref=next-blog
domingo, 14 de fevereiro de 2010
ABJETA MULHER OBJETO
Vamos fazer uma busca, em nossas memórias, sobre a condição da mulher desde os tempos antigos. Comecemos pela condição feminina na Grécia de nosso mestre Homero; todos devem se lembrar que politicamente a mulher não tinha nenhuma representatividade e talvez valesse menos do que um escravo, pois esse pelo menos sabia ler e escrever. Naquela época, nós mulheres, não tínhamos quase serventia, basicamente éramos reprodutoras e governantas; a educação dos filhos corria por conta dos pais e seus preceptores e até a preferência sexual dos homens era por seus iguais, cabía-nos dar ordens aos escravos para assegurar o bom funcionamento da casa. Casos de luxúria pelo nosso sexo eram mais fáceis de se encontrar entre as lendas mitológicas e na conhecida história do Cavalo de Tróia, onde a bela Helena, esposa de Menelau, foi raptada por Páris. Não cabe aqui narrar-lhes esse episódio – facilmente encontrado em bibliotecas e na Internet – e sim assinalar como até em casos onde a mulher é o centro das atenções, ela é tratada como um mero objeto jogado de lá pra cá, como uma bolinha de tênis. Avançando no curso da História, fazemos uma parada na Idade Média, onde as mulheres eram consideradas piores que o demônio, a própria encarnação do Mal e, por isso mesmo, digna de todas as humilhações e baixezas a que pode ser submetido um ser humano; até um porco tinha mais privilégios do que uma mulher e se esta fosse plebéia, aí as minhocas da terra eram mais bem tratadas. Éramos seviciadas por reis, nobres, membros do clero, soldados, lavradores, renegados, leprosos e por quantos mais entrassem na fila do estupro! E assim continuamos, fazendo papel de moeda de troca, até aterrissarmos na Era Industrial, onde começamos a ter uma vaga idéia do nosso valor, primeiro como mão-de-obra, depois como cidadãs e na sequência como MULHERES. E é nesse ponto que tenho que concordar com Deus quando disse à Eva que não comesse da Árvore do Conhecimento. Ele já sabia que conhecimento sem sabedoria, sem moderação produz excessos desastrosos.
Surgem as feministas que, se por um lado lutaram pela independência feminina, por outro deram o primeiro passo para a destruição da mulher. Tudo bem que foi por causa delas que hoje nós votamos e galgamos altos postos na política nacional e mundial, foi por causa delas que nós podemos falar abertamente sobre sexo e temos vontade própria na cama, mas também foi por causa delas que hoje os homens nos tratam como iguais, tão iguais que eles não veem a menor necessidade de ser gentis! E o pior de tudo, foi através delas que nos empapuçamos de liberdade e vocês conhecem o ditado Quem nunca comeu melado quando come se lambuza! Estamos nos sentindo tão livres, tão independentes, tão donas do nosso nariz, que achamos que podemos fazer o que bem entendermos, sem nos importarmos com as consequências. Somos donas dos nossos corpos e podemos dispor deles como nos convier, certo? Certo, mas olhem só ao ponto em que chegamos quando não temos bom senso: estamos superexpondo o corpo feminino em troca de fama e de dinheiro. E o que ganhamos com isso? Quinze minutos na tela da TV? A capa da Playboy e um apartamento na Barra? O título de a mais gostosa da Sapucaí? E isso vale a nossa dignidade? Isso vale a perda do respeito?
É deprimente ver mulheres tão cheias de potencial se contentando e até lutando para serem reconhecidas como a boazuda do Carnaval ou a “Cachorra” do funk. Vejo belos exemplares do nosso sexo se acabando em academias só para poderem aparecer na avenida do samba exibindo um tapa-sexo do tamanho de um band-aid. Meu Deus, o que se ganha com esse show de vulgaridade? Talvez um caso com um magnata qualquer e um cartão de crédito sem limite. Mas por quanto tempo? Porque uma união com base no sexo, até vence, mas não convence, ou seja, dura pouco, pois o que conta mesmo é o intelecto. A mulher hoje mais parece um pedaço de filet mignon pendurado na vitrine do açougue ou uma lata de sardinha na prateleira do supermercado, quem estiver disposto a pagar o preço, leva a mercadoria.
Foi para isso que lutamos tanto ao longo desses anos? Foi a isso que reduzimos a conquista feminista na qual tantas de nós pereceram. Mulheres valorosas deram suas vidas para que hoje eu possa estar aqui escrevendo esse texto sem nenhum medo de ir parar na fogueira. Esse meu protesto é uma oferenda, é a minha maneira de reverenciá-las e agradecer por tudo que fizeram. Acho que liberdade tem que ser usada com responsabilidade. Batalhamos tanto para sermos reconhecidas e agora estamos involuindo, estamos voltando a ser um mero objeto, um joguete do mercado.
Estou legislando em causa própria sim! Não quero ser tangida como uma vaca ao sabor da moda, da televisão! Quero ser reconhecida pelos meus valores, por minha capacidade e não pela minha bunda ou pela quantidade de silicone do meu peito. Lembrem-se que a cabeça – de um ser humano “original” de fábrica – é mais pesado que o resto do corpo e, se a Natureza é sábia, por que os seios devem pesar mais do que o cérebro agora?!
Uma ressalva: antes que alguém diga que eu estou esculhambando as mulheres, quero me defender dizendo primeiro que também sou mulher, então posso criticar à vontade e depois, que reconheço que existiram mulheres maravilhosas, fortes, dignas, em posições de comando e que exerceram seu poder melhor do que muitos homens. Só pra citar algumas delas: Cleópatra, Mary da Escócia, Rainha Elisabeth, Joana D'Arc, Teresa D'Avila, Marie Curie, Ana Néri, Golda Meir, Margareth Tatcher, Princesa Isabel, Benazir Bhutto, Olga Benário, Madre Teresa de Calcutá, Anita Garibaldi, Zilda Arns, Raquel de Queiroz, Fernanda Montenegro, Glória Pires e Glória Perez entre tantas outras. E graças a Deus por elas terem existido e pelas que ainda estão entre nós, pois são elas que nos dão orgulho de levantar a cabeça e encher a boca pra dizer: EU SOU MULHER!
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
GENTILEZA GERA GENTILEZA
“Com licença!”, “Pisei no seu pé? Perdão.”, “Desculpe, está meio apertado aqui!”, “Por favor, onde fica a rua tal?”, “Bom dia, Dnª Fulana!” e por aí vai. Tá difícil ouvir essas frases ultimamente? Pois é, põe difícil nisso! Agora todo mundo se tromba no Metrô, se espreme nos elevadores, é esmagado nos ônibus, se esbarra nas ruas sem sequer olhar para o outro, que dirá ser gentil. São os tempos modernos, de muita grosseria e desrespeito, tudo computado na conta da falta de tempo, da correria cotidiana. Mas eu nunca imaginei que se precisasse despender tanto tempo para ser educado!? Quantos minutos são gastos para cumprimentar o ascensorista do trabalho ou o motorista do ônibus que se pega todos os dias? E o zelador do prédio onde se mora? Não mais que dois segundos! Acho que esse tempinho não vai fazer falta na vida de ninguém, ninguém vai chegar atrasado por isso, tampouco vai cair a língua!
E se as pessoas não se dão ao trabalho desses simples gestos verbais, quanto mais os gestos mecânicos (no sentido do movimento e não no da banalidade)? Todos já viram a seguinte situação: num transporte lotado, entra uma senhora de idade ou uma mulher grávida e os homens, sobretudo os mais jovens, ao invés de se levantarem para ceder seu lugar, FINGEM que estão dormindo. Poucos são os que ainda lembram do que lhes foi ensinado por suas mães, porque podem apostar que isso foi ensinado, só que alguns têm Alzheimmer precoce e esquecem que um dia, se Deus permitir, também precisarão dessas gentilezas, quando as pernas já estiverem fracas para suportar o peso dos anos ou a barriga da sua esposa estiver pesando demais e causando inchaço dos tornozelos. Não estou apregoando que a gente deve se “abrir” para qualquer um, nem bancar o bobo alegre e sair cumprimentando estranhos na rua, mas podemos e devemos ser gentis com os conhecidos, amigos, namorados, etc.
Os pequenos gestos de gentileza não são supérfluos ou antiquados, como atualmente se pensa, são ações que ajudam a suavizar o cotidiano e o caos do mundo; auxiliam o relacionamento humano e amenizam a dureza da vida. A pessoa que recebe esses gestos sente-se feliz, importante, valorizada como ser humano. Amiga leitora, você não se sente lisonjeada quando um homem mantém a porta aberta para você passar, ou puxa a cadeira para você sentar, ou quando ele sai do carro e abre a porta do carro para você entrar? Nããão?! Que pena, eu me sinto super envaidecida, pois são pequenos gestos de carinho e atenção que sinalizam que eu sou importante para esta pessoa. E cá entre nós, são os pequenos gestos, mais do que os grandiosos, que enternecem o nosso coração e são guardados na lembrança para os períodos de escassez. E você leitor, não gosta quando sua namorada ou esposa escolhe aquele barzinho que você gosta por causa do chopp que ela nem toma, ou quando ela lembra daquele vinho que você adora e o traz para o jantar, ou quando ela tira bem a areia dos pés antes de entrar no carro? Tenho certeza que vocês homens adorariam que nos lembrássemos desses pequenos detalhes. E não seria uma delícia ler torpedos carinhosos no celular todos os dias? Ah, se nós parássemos em todas as lojas de eletrônicos e vocês em todas as de sapatos...
E por falar em telefones, pode existir maior falta de gentileza do que não retornar uma ligação, ou um e-mail ou uma mensagem de texto? Pode? Eu não sou a dona da verdade, nem quero ser, mas já estou na estrada há algum tempo para perceber que algumas coisas não são uma questão de obrigação e sim de educação e sensibilidade. Quando eu telefono para alguém e essa pessoa não está, fica claro que eu gostaria que ela me retornasse, pois tenho algo a lhe dizer; às vezes é um assunto importante, outras é apenas saudade, outras quero saber como está aquela amiga, se ela precisa de alguma coisa. Se for e-mail (e não sendo corrente, porque isso ninguém merece, nem o seu pior inimigo!) a cortesia da resposta é ainda maior, lembre-se que quem lhe escreveu reservou minutos do seu tempo para sentar e digitar uma mensagem. No entanto, os e-mails são um caso à parte, pois às vezes a caixa postal está tão cheia que não dá pra responder à todas as mensagens, aí sejamos condescendentes. Quanto aos SMS, esses, então, deveriam ser respondidos o mais rápido possível e sempre, pois levam apenas alguns minutos e não dão trabalho nenhum. Geralmente, nós escrevemos à pessoas com as quais temos ligações afetivas ou profissionais, o que faz com que nos ponhamos no lugar de quem escreve e sintamos a desagradável sensação de ficar aguardando uma resposta; agora se você não conhece quem lhe enviou uma mensagem ou não tem o menor apreço ou respeito por quem lhe escreveu e quer que essa pessoa esqueça que você existe, aí NÃO RESPONDA mesmo! Isso vai soar como um “EU NÃO TE SUPORTO, TE DESPREZO, VÊ SE TE MANCA!”. E a frequência da ausência demonstra o grau do menosprezo dispensado, viu? Se você já passou por isso sabe como a sensação é horrível...
Enfim, vamos nos lembrar do profeta Gentileza e seguir seu exemplo, vamos espalhar gotas de cortesia, vamos sentir como é gratificante tratar bem as pessoas, sorrir, agradecer, cumprimentar, retribuir, ajudar, pois como dizia minha santa avó: “A gente deve tratar os outros como gostaríamos de ser tratados.” Sábio, não?